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quinta-feira, 18 de outubro de 2018


CAPÍTULO NOVE

 
AINDA FASE NASSAU (TRIBUNA FM)

 

NO AR

A Radio Tribuna FM entrou no ar depois de muitos encontros e desencontros. Muitos fatos ocorreram antes disso. Transmissor com defeito de fabrica, cartucheiras problemáticas, torcida contra dos concorrentes. Mas colocamos no ar no prazo estabelecido, virando noites, com toda equipe presente dia após dia.

 

Até o pessoal que veio montar a torre se envolveu, principalmente quando ouviram o técnico da Gazeta, vizinha da Tribuna na Fonte Grande, perguntar a eles qual seria a frequência para sintonizar, desdenhando. Ele não acreditava que iríamos entrar no ar no tempo estabelecido pelo ministério

 
Um dos instaladores da torre (pessoal do sul do pais) ouviu o desdenho da pessoa citada. Ele desceu e perguntou: “Quem é esse senhor e o que é aquela casa?” Dissemos que era técnico da Gazeta e que aquilo era a casa dele e dos transmissores. Ele retrucou: “Pois diga aquele senhor que se depender de nos, a sua radio vai entrar no tempo certo”, e subiu rapidamente, furioso. E a aprontaram dois dias antes. Um deles caiu da torre e viu a radio ser inaugurada na cama do hospital aqui em Vitoria. Não esqueço essa gente!

 
A galera da radio, reunida no estúdio no dia de entrar no ar, ficou emocionada quando ouviu a primeira gravação, voz de Eliakin Araújo, com o tema Rocky II de fundo. Fui ver esse filme no Rio e comprei o LP importado. No filme, Rocky Balboa não desistia nunca e como estávamos em momentos parecidos, na ânsia de ir em frente, quis colocar sua musica na abertura oficial da emissora como uma lembrança.

 
Baseado no filme e em nossa dificuldade, fiz um quadro com a figura de Sylvester Stallone com os punhos cerrados e virados para cima e embaixo os seguintes dizeres: “ Persistência: A Razão da Vitoria” Esse quadro foi colocado na minha sala. Era o que a gente sempre teve: Persistência!

 
O “CASE” ASAS

Trouxe dos Estados Unidos um folder de uma radio, que tinha uma asa aberta como mote. Pegamos aquilo, a criamos “Tribuna – A Força do ar”. Confeccionamos plásticos com essa asa, nas cores preta e prateada e distribuímos nos PIT STOPS. Muitos carros em Vitoria usavam esse adesivo no vidro.

 
RICK WAKEMAN

Não me recordo quem o trouxe a Vitória. O musico do Yes talvez tenha sido uma das primeiras aparições internacionais famosas por essas bandas. A Radio Tribuna conseguiu ser a promotora do show e fizemos uma entrevista com ele, tendo á frente Edu Henning, que era nosso entrevistador oficial.

 
WOOPS

O conjunto musical Woops fazia muito sucesso no Estado. Era de Vila Velha, sob o comando de Paulinho e seu irmão. Pedimos que eles colocassem voz na introdução de algumas musicas escolhidas por nós. Eles gravaram no próprio estúdio e ficou sensacional. Eles imitavam o Bee Gees, e bem! Transformamos essa ideia em vinhetas para a radio e elas foram ao ar e marcaram os ouvintes

 
ESTAGIO FORA

João Santos ficou feliz com sua radio em Vitoria. Ele tinha me avisado que não queria ser envergonhado com uma coisa pífia. A radio era a sensação do momento, modéstia á parte. Ele então me chama ao Rio novamente, desta feita junto de Monica, minha mulher.

 
Em seu apê de luxo em Ipanema, ele fala comigo, como se fosse um segredo. “Quero que você vá para os Estados Unidos se aperfeiçoar em radio e televisão, pois você será um dos que ficarão á frente dessa rede que pretendo montar lá no ES”

 
Fui e fiquei 40 dias em radio e televisão. Foi tudo facilitado já que a Bonneville Media Communication, na figura de Douglas Borba, abriu as portas de seus complexos de radio e TV em Nova York, Salt Lake City, Seattle e depois Los Angeles. Aprendi muito.

 
Douglas Borba rodava sua gravação de curiosidades no programa Jairo Maia e levou anos rodando ali. Quem não se lembra do “permita-me um momento”? Era um dos programas da Bonneville

 
A FATALIDADE

Tinha voltado dos Estados Unidos já fazia um mês, João Santos entrou na minha sala (coisa difícil dele fazer) e diz “ ..estou muito satisfeito com seu trabalho. Vamos em frente...” e saiu.

Dois dias depois ele embarcava para o Paraguai, em avião particular onde estava escolhendo terras para montar uma fabrica de cimento no pais vizinho. Mas o avião sofre um acidente, morrendo ele, um politico que o acompanhava e o piloto.

 
Muitas coisas aconteceram em seguida que não merecem serem descritas, pois os nomes envolvidos eram e são da pior qualidade humana. Para concluir, esses arrumaram um jeito de me dispensar da Nassau sem mais nem menos. Fui parar no olho da rua. Eu e Geraldo Sobroza. Ou seja, fiquei órfão profissionalmente, injustamente. Mas Deus sabe o que faz e castigou alguns envolvidos....

 
INÁBEIS

João Santos Filho havia colocado na direção da empresa que não tinham nada a ver com comunicação. Um coronel do Exército da reserva, um administrador sem noção para o negócio e uns jornalistas que se bastavam. Mas havia um boato interno que João Santos iria mudar tudo isso quando voltasse de viagem fatídica

 
O MOMENTO

Passado uns dias, fui comunicado que seria demitido. O Motivo não ficou claro para mim até hoje. Saímos eu e o sr. Geraldo. Mesmo assim fui chamado á Recife para conversar com os diretores de lá, membros da família. Perguntaram porque eu não seguia as normas impostas pela nova direção. Respondi que simplesmente não as entendia e que era difícil segui-las. Disse também que elas eram equivocadas para os padrões da empresa. “Por isso que você foi demitido, por não seguir as normas da nova diretoria em Vitoria”, disseram eles.

 

CEMITÉRIO

Já que estava em Recife, pedi para ir ao cemitério me despedi de João Santos Filho, que foi enterrado no jazigo da família, ao lado do filho dele mais novo, morto em acidente der carro. Disse que queria fazer isso, pois o pessoal de Vitoria (os inábeis) não me chamou para iri no avião que fretaram para o enterro. Foram todos, menos a minha pessoa. Eles sabiam da pretensão de João Santos comigo e me ignoraram de propósito. Em Recife colocaram um motorista a minha disposição. Visitei o túmulo, me despedi dele, entrei no carro e fui para o aeroporto. Estava consumada minha saída do Grupo João Santos.

Mas depois eu voltaria. Caprichos do destino

O grupo em Recife nomeou seu irmão mais velho para assumir a Nassau. Com ele vieram umas pessoas esquisitas, que aqui ficaram. O pessoal da radio começou a fazer corpo mole.

 

A LUTA DOS MENINOS

Aqueles que acompanharam a luta da instalação da Tribuna FM ficaram revoltados com a maneira com que sai da empresa. Ficaram principalmente chateados com o substituto, um sujeito que nada tinha a ver com radio e foi denominado de “Paquinha”, diminuitivo de paca.

 
Percebendo que o Sindicato dos Radialista não se pronunciava a respeito deste ato, Miguel Roldan, Guarnadir Silva e Luís Carlos Coelho resolveram entrar para o Sindicato, se tornaram diretores e lá fizeram uma “revolução” Pelo menos serviu de consolo para mim, fora a dinâmica sindical que deram ao órgão representante da classe.

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