CAPÍTULO NOVE
NO AR
A Radio Tribuna FM entrou no ar depois de muitos encontros e desencontros.
Muitos fatos ocorreram antes disso. Transmissor com defeito de fabrica,
cartucheiras problemáticas, torcida contra dos concorrentes. Mas colocamos no
ar no prazo estabelecido, virando noites, com toda equipe presente dia após
dia.
Até o pessoal que veio montar a torre se envolveu, principalmente quando
ouviram o técnico da Gazeta, vizinha da Tribuna na Fonte Grande, perguntar a
eles qual seria a frequência para sintonizar, desdenhando. Ele não acreditava
que iríamos entrar no ar no tempo estabelecido pelo ministério
Trouxe dos Estados Unidos um folder de uma radio, que tinha uma asa aberta
como mote. Pegamos aquilo, a criamos “Tribuna – A Força do ar”. Confeccionamos
plásticos com essa asa, nas cores preta e prateada e distribuímos nos PIT
STOPS. Muitos carros em Vitoria usavam esse adesivo no vidro.
Não me recordo quem o trouxe a Vitória. O musico do Yes talvez tenha sido
uma das primeiras aparições internacionais famosas por essas bandas. A Radio
Tribuna conseguiu ser a promotora do show e fizemos uma entrevista com ele,
tendo á frente Edu Henning, que era nosso entrevistador oficial.
O conjunto musical Woops fazia muito sucesso no Estado. Era de Vila Velha,
sob o comando de Paulinho e seu irmão. Pedimos que eles colocassem voz na
introdução de algumas musicas escolhidas por nós. Eles gravaram no próprio
estúdio e ficou sensacional. Eles imitavam o Bee Gees, e bem! Transformamos
essa ideia em vinhetas para a radio e elas foram ao ar e marcaram os ouvintes
João Santos ficou feliz com sua radio em Vitoria. Ele tinha me avisado que
não queria ser envergonhado com uma coisa pífia. A radio era a sensação do
momento, modéstia á parte. Ele então me chama ao Rio novamente, desta feita
junto de Monica, minha mulher.
Tinha voltado dos Estados Unidos já fazia um mês, João Santos entrou na
minha sala (coisa difícil dele fazer) e diz “ ..estou muito satisfeito com seu
trabalho. Vamos em frente...” e saiu.
Dois dias depois ele embarcava para o Paraguai, em avião particular onde
estava escolhendo terras para montar uma fabrica de cimento no pais vizinho.
Mas o avião sofre um acidente, morrendo ele, um politico que o acompanhava e o
piloto.
João Santos Filho havia colocado na direção da empresa que não tinham nada
a ver com comunicação. Um coronel do Exército da reserva, um administrador sem
noção para o negócio e uns jornalistas que se bastavam. Mas havia um boato
interno que João Santos iria mudar tudo isso quando voltasse de viagem fatídica
Passado uns dias, fui comunicado que seria demitido. O Motivo não ficou
claro para mim até hoje. Saímos eu e o sr. Geraldo. Mesmo assim fui chamado á
Recife para conversar com os diretores de lá, membros da família. Perguntaram
porque eu não seguia as normas impostas pela nova direção. Respondi que
simplesmente não as entendia e que era difícil segui-las. Disse também que elas
eram equivocadas para os padrões da empresa. “Por isso que você foi demitido,
por não seguir as normas da nova diretoria em Vitoria”, disseram eles.
CEMITÉRIO
Já que estava em Recife, pedi para ir ao cemitério me despedi de João
Santos Filho, que foi enterrado no jazigo da família, ao lado do filho dele
mais novo, morto em acidente der carro. Disse que queria fazer isso, pois o
pessoal de Vitoria (os inábeis) não me chamou para iri no avião que fretaram
para o enterro. Foram todos, menos a minha pessoa. Eles sabiam da pretensão de
João Santos comigo e me ignoraram de propósito. Em Recife colocaram um
motorista a minha disposição. Visitei o túmulo, me despedi dele, entrei no
carro e fui para o aeroporto. Estava consumada minha saída do Grupo João
Santos.
Mas depois eu voltaria. Caprichos do destino
O grupo em Recife nomeou seu irmão mais velho para assumir a Nassau. Com
ele vieram umas pessoas esquisitas, que aqui ficaram. O pessoal da radio
começou a fazer corpo mole.
A LUTA DOS MENINOS
Aqueles que acompanharam a luta da instalação da Tribuna FM ficaram
revoltados com a maneira com que sai da empresa. Ficaram principalmente
chateados com o substituto, um sujeito que nada tinha a ver com radio e foi
denominado de “Paquinha”, diminuitivo de paca.
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