CAPÍTULO QUINZE
Estava tranquilo na Gazeta quando um dia o telefone
tocou. Do outro lado da linha Alexandre Theodoro. Convidava para um almoço.
Dizia que a Tropical precisava de uma pessoa para geri-la artística e
administrativamente. Que a família não permitia entregar a emissora a um
estranho, mas que eu era o único que poderia faze-lo.
Talvez tomado de uma vaidade idiota, aceitei o convite.
Sai da Gazeta e fui para a Tropical FM. Chegando lá encontrei boas e más
pessoas. Não posso chama-los de profissionais. Minha trajetória foi rápida. A
emissora era entregue para que um outro membro da família “tomasse conta” e eu
não coadunava com suas atitudes.
Rossini Macedo era um ilustre desconhecido. Acabara de
chegar de Picuí na Paraíba e apareceu na Tropical com uma pilha de CDs
nordestinos. Gostei de alguns. Ele queria um espaço na emissora pois dizia-se
humorista.
Achei legal a ideia de coloca-lo no ar uma vez por
semana, aos sábados, as 19 horas (horário e dia ingratos no radio). Rossini
assumiu e com dois fins de semana já era sucesso. Com um mês já tinha audiência
total
Era um piadista ousado. Ali já se constituía em um bom
“stand up”. Fui aconselhado a afasta-lo do microfone, pois o que dizia no não
batia com a FAESA, da qual a emissora pertence. A FAESA é uma entidade de
ensino de alto conceito. A contragosto (meu e dele) tiramos Rossini do ar. Tivemos
que entender a decisão.
Como disse, não estava muito confortavelmente na
emissora. Ali não tinha mais o espirito de radio que Antario Filho havia
deixado. Estava tudo muito esquisito. Tirando um Nivaldo Passamai, Andressa
Carvalho, Antario Neto, ficava difícil dialogar radio com os demais.
Uma vez, olhando para o quadro do Rocky “Persistência – a
razão da vitória”, o retirei da parede, peguei uma garrafa de álcool e desci
ate a garagem. Em um canto toquei fogo no quadro e disse em voz baixa: “ Amigo
Antario, as coisas aqui já não são mais como a gente pensou um dia”
Fui convidado a sair com apenas oito meses de trabalho.
Foi minha primeira derrota como profissional de radio. Logo por decisão de
amadores de radio, só podia ser.
A Tropical galgou primeiros lugares de audiência muitas
vezes, mas por força de um apelo popular contrario aos padrões normais de
programação de rádio na época.
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