CAPÍTULO CINCO
HELAL
MAGAZIN E CAPIXABA
Entre 1974 e 1975
havia recebido um convite para trabalhar na lojinha da Helal, comandada por
Zaki Helal, que ficava na Rua Duque de Caxias, atrás da grande Loja de
departamentos da família. Eu era o responsável pela compra de discos das
gravadoras e ajudava na sessão, embora o forte da loja fosse a comercialização
de motobikes e motocicletas de grandes potências.
Ali fiz grandes
amizades com representantes de gravadoras, como Odeon/EMI, CBS, RCA, Polygram,
Ariola, ContinentaL e SomLivre. Eram viajantes que tinha Vitoria como rota e
nossa capital era tida com uma boa praça de venda de discos. Lembro do
português da Odeon, depois Nilson, do Carlinhos da CBS e depois Marcão, Victor
Hugo da Polygram/Phillips, Geraldo da Continental e outros que não me recordo
mais
Nesta época morava
em uma república na Antônio Aguirre, de frente para a antiga Odontologia. Meu
companheiro de quarto era o saudoso José Coelho, cachoeirense também. Ele
dormia, isto é, a gente dormia ouvindo a Rádio Jornal do Brasil, no seu
radinho. Na época faziam receptores de verdade, pegavam todas as rádios em
ondas medias e curtas.
Havia um programa
somente com musicas de qualidade nacionais e internacionais chamado “Noturno”
produzido e apresentado por Luis Carlos Saroldi, excelente produtor de radio e
que estava na JB. O programa terminava á meia noite. E a gente já quase pegando
no sono, ouvia o INFORME JB com nada mais, nada menos Eliakim Araujo. Lembro
ainda, que nosso ex-companheiro de republica Rosenthal Calmom Alves se mudou
para o Rio, arrumou emprego na JB e produzia parte deste noticiário noturno,
apresentado pelo Eliakin.
Rosenthal mandava
noticias do Rio e curtia com nossa cara, ele que via a gente ouvindo a JB e que
naquele momento redigia o informe para Eliakin ler.
Eu dividia o tempo
na lojinha e na Radio Vitória, ate que um dia soube que Jairo Maia havia
comprado da Radio Capixaba, da Arquidiocese de Vitoria, cujo Bispo era João
Batista da Motta e Albuquerque. Recebi convite do Jairo Maia para ir trabalhar
na emissora da colina, com ele e seu sogro Jefferson Dalla. Jairo era amigo do
meu tio Jose Américo (veio de Bom Jesus e passou por Cachoeiro) e também já
sabia de minha atuação na Radio Vitoria. Oswaldo Amorim me liberou e Zaki Helal
concordou. Fui trabalhar com Jairo Maia.
Jairo sempre se deu
bem com faturamento em seus programas de radio. Concebeu um pensamento simples:
Se eu faturo X com três hortas de programa, então irei faturar X+Y com uma
programação inteira de radio. Ledo engano. Não foi assim. Passados três anos,
fez negócio com a família Borges e Huguinho assumiu. Jairo Maia tinha também
suas lojas de discos (as melhores na época). Neste comercio ele enriqueceu. A
que mais tinha movimento era a do Parque Moscoso.
Ele contava
(piadista nato) que sua clientela do Parque Moscoso era composta de pessoas
simples, mas que compravam de fato. Gostava de contar o caso de um cliente, que
comprando se preocupou com seu veiculo estacionado. Então pediu um momento para
ver se estava tudo bem. Era uma bicicleta.
Outra historia eram
de pessoas que estavam testando os discos que iriam adquirir ouvindo através do
fone de ouvido. Quando gostavam gritavam elogiando e até xingando na maior
altura. Isso porque dificilmente elas não têm noção da altura da voz quando
estão com fones no ouvido. Ele se divertia com isso. Seu gerente de lojas era
Nilson Matias, que posteriormente veio a ser divulgador da Emi-Odeon
O REGISTRO
Os membros dessa
republica, ao lado da antiga Faculdade de Odontologia. eram Jose Coelho,
Dietrich Kaschner, Ricardo Oliveira (o secretário de saúde), Rosenthal Calmon
Alves, o jornalista renomado e Jose Tarcísio, hoje diácono. Em cima morava o
proprietário do imóvel, Sr Beresford, homem bom e educado e pai de uma bonita
menina, na época.
OUTRO REGISTRO
Mary Helal, irmã de
Zaki e hoje esposa de Manuel de Paula, trabalhava como secretaria do pai e do
tio John no Magazin Helal. Eu era escalado (convidado) a almoçar com a família
aos domingos na casa da Saturnino de Brito para ler o versículo da bíblia
escolhido pelo sr. Constanteen antes do almoço.
Foi nas ruas da
Praia do Canto que aprendi a dirigir.
Quem me ensinou foi justamente Mary Helal, que era um ás no volante.
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