CAPÍTULO SEIS
RADIO
CAPIXABA - O MOTIVO
Jairo Maia adquiriu
a Radio Capixaba equivocadamente segundo ele próprio. Ele pensou que faturando
X mensalmente fazendo três horas de programa, por dia poderia faturar XX tendo
uma radio só dele.
ROBERTO
CARLOS
Toda a vez que RC
vinha fazer show no Estado enaltecia Jairo Maia no palco. Jairo sempre tentava
fazer uma entrevista com o escorregadio Roberto. Em duas entrevistas, eu fui
junto com Jairo. Uma em Cachoeiro e outra em Vitoria, no Hotel Cannes.
Lembro que
sentávamos na portaria da radio (era uma espécie de convento), de frente a rua,
onde se via o cruzamento da Gama Rosa com as ruas Dom Fernando e Caramuru,
cidade alta, e ficávamos ouvindo o programa de Hélio Ribeiro na Radio
Bandeirantes através de um potente aparelho “transglobe”, ao lado de Guilherme
Amorim.
Essa história
muitos conhece: Uma vez, escalado para uma viagem de trem e com um jogo para
transmitir que ele mesmo havia vendido o patrocínio, Ângelo fez acontecer o
inusitado. A linha passava ao lado do campo onde teria o jogo. O que fez Ângelo
Ribeiro? Veio conduzindo o trem e quando chegou rente ao muro do estádio, parou
o comboio (de minério) e transmitiu o jogo de cima da locomotiva. Os
equipamentos já estavam no campo. Foi tudo bem, tudo certo!
Foi ele que
“lançou” gente como o Jarzinho (Jair Oliveira) que depois veio a ser um
baluarte na crônica esportiva capixaba. Também de Adílson Caldas, um bom
repórter esportivo de campo.
Aylor Barbosa – Baseado na Radio Globo e seu famoso carro de externa
no Rio (na época), Jairo Maia quis colocar um carro nas ruas. Nenhuma emissora
praticava esse serviço aqui em Vitória.
Para tal, entrou em
contato no Rio com o radialista Aylor Barbosa, que fazia esse trabalho na Tupi.
Aylor aceitou vir para Vitória, se hospedando no Hotel Minister no Parque
Moscoso.
Um dia, Pedro
Vidigal instalava um radio transmissor numa Kombi velha da própria radio. Ate
Jairo Maia comprar um fusca, era esse o carro de externa da Capixaba. Eu vendo
o símbolo da antiga radio ostentado na porta da Kombi atinei logo para o nome
desse trabalho. Nas portas tinha desenhado uma águia de asas abertas.
Baseado nessa
águia, que do alto tudo vê, seja a distancia que for, batizamos Aylor como o
Águia da Colina. E pegou.
Mais uma vez, Helio
Ribeiro inspirava a gente. La ele tinha o helicóptero da Bandeirantes com o
repórter voador Fraz Neto. Lembro bem.
Ele tinha acabado
de chegar do Rio, e a dupla Jairo Maia e Jefferson Dalla deu uma oportunidade a
ele como repórter esportivo. Dei logo um horário para ele com o nome de FATOS
ESPORTIVOS, programa na parte da programação noturna da Capixaba.
Sempre chorão, um
dia Rui Monte aparece na sala dizendo que precisava de roupas novas. Eu,
sabedor que João Havelange, recém-empossado presidente da FIFA estaria em
Vitória, disse ao Rui Monte que se ele trouxesse uma entrevista com João
Havelange, daria as roupas.
Rui foi para o
aeroporto, e mesmo debaixo de chuva ficou esperando o jatinho do homem. Ninguém
da imprensa, só ele. Assim que a aeronave parou, Rui correu e entrou no avião,
mas foi barrado, lógico, MAS POR SORTE, João Havelange estava sentado logo na
frente e viu tudo, talvez compadecido de Rui Monte estar todo molhado e com o
gravador nas mãos, ordenou ao pessoal que deixasse Rui entrar. Rui fez a
entrevista com exclusividade.
Já sob o comando de
Jairo Maia, a radio continuava nas dependências da Cúria na Cidade Alta. Dom
João, já quase aposentado, fazia ainda a Ave Maria das 18 horas na radio.
Sempre simpático e brincando com a gente. Uma vez ele descobriu que eu fazia
aniversario naquele dia e disse que poderia emprestar sua capela particular
para eu agradecer a vida. Fui e todo ano faz a mesma coisa ate ele morrer.
Lembro muito de Dom João, com aqueles cabelos brancos, feições bem feitas e uma
simpatia de fé. Mais uma vez fui um privilegiado.
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